domingo, 21 de novembro de 2010

Análise da obra "SONETO XIV" de Claudio Manuel da Costa

SONETO XIV
Quem deixa o trato pastoril, amado,
Pela ingrata, civil correspondência
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado

Que bem é ver nos campos, trasladado
No gênio do Pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado

Ali respira Amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um so trata a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna que soçobre;
Aqui quanto se observa é variedade:
Oh! ventura do rico!
Oh! bem do pobre!

ANÁLISE
O poeta já deixa claro qual é o tema de seu soneto: a tranqulidade do campo e a corrupção da vida urbana. Sendo assim, nos primeiros versos o eu-lírico, por meio duma metáfora, “o rosto da violência”, sintetiza o quão desastroso pode ser deixar o campo.E, é essa a situação do sujeito-lírico, ele adverte àqueles que planejam deixar o trato pastoril que na cidade os desgostos e as desilusões são inevitáveis.
 Percebe-se que estamos diante dum tema comum dos poetas neoclássicos (conhecidos também como arcadistas),  que consiste basilarmente a valorização do campo, tal como fez Virgílio em Bucólicas, e no uso dos mitos greco-romanos. Assim sendo, o leitor percebe que a imagem do campo é idealizada, um local puro, inocente, onde as pertubações que acometem o viver não conseguem adentrar. Se o Amor pode respirar apenas no campo, logo pode-se dizer que ele é sufocado na cidade, devido a mentira e a hipocrisia.

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